Sejam bem vindos

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O conteúdo desde blog, serve para a divulgação de toda a doutrina dos espíritos em geral, assim como dar a conhecer a vida de alguns seres iluminados que passaram pelo nosso planeta em outras épocas, gostaríamos também de, pouco a pouco, tentar sensibilizar os mais desacreditados para a vida alem da morte, e acima de tudo, fazer com que os nossos leitores perguntem a si mesmos: O que DEUS quer de nós?

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ensinamentos de Sócrates ficam para a eternidade...

Passeio Socrático.


Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.
Em outro momento, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: “Qual dos dois modelos produz felicidade?”
Na verdade, estamos construindo super homens e super mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias!
Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho otimo, vamos todos morrer esbeltos: “Como estava o defunto?” “Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!”
A publicidade não consegue vender felicidade, então passa a ilusão de que felicidade é o resultado de uma soma de prazeres:”Se fizer aquela viagem, se usar uma roupa de determinada marca, se comprar aquele carro, você chega lá.”
O grande desafio é começar a olhar para dentro, começar a perceber o quanto é bom ser livre de todo o condicionamento.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriram status construindo uma catedral; hoje, constrói-se um shopping-center. E o que é curioso observar: a maioria dos shoppings-centers tem linhas arquitetónicas de catedrais estilizadas; neles não se “deve” ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de “missa de domingo”. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas…
Entra-se naqueles claustros ao som do “gregoriano pós-moderno”, aquela musiquinha de esperar dentista.
Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas (as lojas) com os veneráveis objetos de consumo, acolitados (acompanhados) por belas sacerdotisas.
Quem pode comprar à vista, sente-se no Reino dos Céus. Quem precisa utilizar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir num estado infernal… Felizmente terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mac Donald…
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: “Estou apenas fazendo um passeio socrático”. Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filosofo grego, que morreu no ano 399 antes de Jesus, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:
“Estou apenas constatando e observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!”


Autor: Frei Betto – Frade Dominicano e escritor de mais de 50 livros, contos e crónicas, estudou jornalismo, teologia e filosofia.

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